Mais de seis mil mulheres, com mais de 15 anos, residentes em Portugal, foram submetidas a alguma forma de Mutilação Genital Feminina (MGF), indica o primeiro estudo no país sobre a prevalência da MGF em território nacional.
Seguem-se a Guiné-Conacri, o Senegal e o Egito, as comunidades de países praticantes de MGF mais representadas em Portugal, de acordo com o trabalho, que durou um ano e começou em março de 2014.
Nos países de origem, as meninas que não sujeitas à MGF são rejeitadas pelas comunidades por serem consideradas impuras, o que significa que não vão conseguir ser aceites por um homem, formar uma família e são rejeitadas socialmente.
A prática assenta em mitos, como o aumento da fertilidade da mulher, facilitar a higiene da mulher, ou ser vantajosa por diminuir a infidelidade da mulher e aumentar o prazer sexual do homem. A MGF é praticada no sentido de adaptar a mulher à relação com o homem, em comunidades com uma ideologia patriarcal muito vincada.
Alguns homens jovens entrevistados estão atentos à situação e afirmaram que não se casariam com uma mulher submetida a MGF, ou seja, há um rompimento com a prática, mas também uma revitimização das mulheres.
O que é a MGF?
A mutilação genital feminina consiste na remoção parcial ou total dos órgãos genitais externos femininos (clitóris, pequenos e grandes lábios) e causa lesões físicas e psíquicas graves e permanentes, como hemorragias, infeções, infertilidade e morte.
Estima-se que 140 milhões de mulheres em todo o mundo sejam mutiladas e que três milhões de meninas estejam em risco anualmente.
Cabe aos profissionais de saúde e educação estarem atentos a este flagelo, com o intuito de poderem evitar esta situação, denunciando-a, garantindo que as meninas residentes no nosso país vítimas da MGF têm um acompanhamento efetivo que lhes permita na medida do possível ter uma vida normal.
Jornal de Notícias, fevereiro, 2016
Um dos casos em que o respeito pelos direitos das minorias devia ser esquecido perante a lei geral e humana. Esta e outras práticas são inconcebíveis e inaceitáveis! Há um longo caminho de informação e prevenção a fazer, mas também de punição para que a impunidade não gere mais atrocidade.
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