domingo, 11 de setembro de 2016

Este ano vais ser o melhor aluno "bora lá"? - Prof. Jorge Rio Cardoso

Estive a ler a entrevista que o Professor Dr. Jorge Rio Cardoso deu à revista Visão e não resisto a partilhar convosco algumas ideias que constam no seu novo livro "Este ano vais ser o melhor aluno".


Principal missão: combater o insucesso escolar e promover a cidadania, defendendo que "a escola e os pais devem preparar as crianças para serem bons cidadãos e investir nas competências relacionais e cívicas.”

"Também se sentia desmotivado quando era aluno ou tinha outro tipo de dificuldades?
Eu tive insucesso escolar e reprovei no 4º ano e no 7º ano. Foram experiências marcantes e, nessas idades, tendemos a pensar que os outros, pais e professores, já não gostam de nós. Felizmente, encontrei o atletismo, que me trouxe competências novas, como a disciplina, a capacidade de cumprir horários, de respeitar o treinador e de adiar a gratificação. Foi também a oportunidade de vencer medos e arriscar, de dizer o que pensava. O sucesso escolar veio a partir daí."

"O que é isso de ser o melhor aluno?
A intenção é comparar-se consigo próprio e não com o melhor da turma. Isso gera frustração. Mais do que ter conhecimento interessa saber pensar com imaginação e resolver problemas em conjunto. E isso aprende-se desde pequeno, com hábitos de estudo e outros, como aprender a respirar, a exercitar o corpo, a dormir com regras e, claro, a brincar no meio disso tudo. A programação do estudo começa logo no primeiro ciclo, com técnicas para organizar apontamentos e preparação para os testes, que deve ocorrer algumas semanas antes das avaliações."

"As queixas de pais e professores sobre a irrequietude das crianças têm razão de ser?
Há que desmistificar: a energia, nos miúdos, é uma coisa positiva. O que não é positivo é querer que tenham notas altas a todo o custo, muitos a poder de medicamentos, ou estarem de volta dos filhos a fazer os trabalhos de casa por eles, com prejuízo da autonomia."

"Quais são as principais dificuldades que encontrou nos alunos, de norte a sul do País?
O não saberem programar-se. Chegam à véspera dos exames com um amontoado de folhas, ainda por cima mal escritas, e começam a ficar com suores frios. Logo no arranque do ano é essencial que aprendam a equilibrar os tempos de estudo e de lazer. A vida dos alunos com bom rendimento escolar não se resume, nem pode, a aulas, TPC e preparação para avaliações."

"O que determina o sucesso escolar?
Os miúdos precisam de confiar e de acreditar neles, na sua motivação intrínseca, para investirem tempo e atenção no estudo. E de ter hábitos de trabalho e método. Nenhuma criança consegue ter sucesso escolar se estiver triste ou deprimida e se a sua vida for só escola e estudo. Para viverem a cidadania as crianças precisam de ter equilíbrio emocional, reconhecer e gerir as suas emoções e perceber que o mundo não gira só à volta delas. São essas as bases da cidadania, que se aprende cedo na família: partilha de tarefas, respeito mútuo e regras. Caso contrário, a criança estranha que alguém lhe venha impor regras na escola quando os pais não o fazem."

"Voltamos ao que é ser um melhor aluno. Quer acrescentar alguma coisa a esse respeito?
Os adultos devem preocupar-se menos com o TER e ensinar a criança a SER. Colocá-la em contacto com desportos, artes, museus, voluntariado. Se o modelo de ensino for orientado só para a competição, quando os jovens entrarem no mercado de trabalho não sabem cooperar. O objetivo último é a cidadania, e se fossemos mais longe, podia resumir-se a esta pergunta: “Como é que quero ser reconhecido depois de morrer?” Como “uma boa pessoa” ou por deixar muita coisa?"


Deve efetivamente ser um excelente livro, que faço questão de ler. Subscrevo inteiramente as suas ideias, o futuro da educação tem que passar cada vez mais por aqui.
Fico feliz porque na escola onde leciono uma das principais preocupações é a cidadania, valorizamos os nossos alunos pelo que eles são, pelos seus interesses e motivações, só depois vem os resultados escolares.


"ninguém aspire à perfeição, que ela não traz coisa boa, para lá chegar é preciso uma frieza de fora do homem e não haveria então coração de homem com que amar a própria perfeição" - Fernando Pessoa







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